O governo brasileiro decidiu evitar confrontos diretos com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, após suas declarações polêmicas sobre impor uma tarifa de 100% aos países do bloco Brics caso adotem a desdolarização em suas transações comerciais.
O presidente Lula e o republicano Donald Trump — Foto: Editoria de Arte/Jornal O Globo
A desdolarização, proposta pelo grupo de países emergentes, ainda está em discussão, e diplomatas brasileiros consideram que a ameaça de Trump reflete mais o tom de campanha do que uma estratégia concreta de governo.
A presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, já criticou o uso do dólar como uma “arma” dos Estados Unidos, mas o Brasil avalia que, ao assumir a presidência, Trump poderá moderar sua retórica para se alinhar a uma postura mais diplomática.
Desde janeiro, o bloco Brics expandiu sua composição, que agora inclui, além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os países Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Diplomatas brasileiros destacam que o histórico de Trump inclui ameaças semelhantes a outros parceiros comerciais, como China, México e Canadá. A expectativa é de que líderes globais trabalhem para distinguir entre declarações de marketing político e ações que representem riscos reais às relações internacionais.
A abordagem do Brasil reflete uma estratégia de prudência, priorizando a estabilidade nas relações com os Estados Unidos enquanto as negociações sobre o futuro do dólar no comércio internacional continuam em andamento.