A comoção em torno das três indicações de Ainda Estou Aqui ao Oscar reacendeu o orgulho nacional, mas essa não é a única produção com talento brasileiro na disputa pelo prêmio mais importante do cinema mundial.
O curta-metragem A Lien, apesar de ser uma produção dos Estados Unidos, conta com um brasileiro em um papel essencial nos bastidores. O diretor de fotografia Andrea Gavazzi, nascido em São Paulo e descendente de italianos, é uma peça-chave na construção visual do filme. Sua trajetória começou entre a movimentada Roma e a pacata cidade de Campos Novos Paulista, no interior de São Paulo, onde viveu uma infância sem internet, eletricidade ou geladeira. Apesar de ter se formado em Economia na Itália, a paixão pelo cinema falou mais alto, levando-o a mudar completamente de carreira.

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A Lien aborda um tema atual e delicado: a imigração nos Estados Unidos. A trama acompanha Oscar, um imigrante sem documentos que tenta obter a cidadania americana. Ao lado da esposa e da filha — ambas cidadãs dos EUA —, ele se depara com os desafios burocráticos e emocionais do processo. A história ganha ainda mais relevância diante das políticas rígidas de imigração implementadas nos últimos anos, levantando um debate essencial sobre o tratamento dos imigrantes no país.
O curta foi filmado em 2021 e disponibilizado online em outubro de 2024, mas sua mensagem segue forte e necessária. Para Andrea Gavazzi, que passou pelo processo de imigração, o filme representa a realidade de muitos que enfrentam o medo e a incerteza ao tentar a legalização. "Não há empatia, não há flexibilidade. É como se fosse um jogo de ‘dentro ou fora’”, reflete ele.
Enquanto os holofotes se voltam para Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui, A Lien prova que o talento brasileiro continua atravessando fronteiras e deixando sua marca no cinema mundial.