Nos últimos tempos, os brasileiros têm sentido o impacto da alta nos preços de alimentos essenciais como cacau, ovo, café e azeite. Uma pesquisa da Quaest divulgada no dia 16 de fevereiro revelou que 8 em cada 10 brasileiros já notaram o aumento nos preços, afetando pessoas de diversas classes sociais. O aumento tem várias causas, incluindo safra ruim, mudanças climáticas e a alta do dólar. Confira o que está por trás de cada produto:
O preço do cacau disparou devido à baixa recorde de produção no mercado internacional. A escassez do produto está sendo alimentada por uma defasagem entre oferta e demanda, que pode persistir até 2029. No Brasil, a aridez nas regiões produtoras, especialmente no Nordeste, tem afetado as plantações de cacau, que precisam de um clima úmido para se desenvolver. Além disso, a crise agrícola em países africanos como Costa do Marfim e Gana, que juntas representam mais de 50% da produção mundial, também contribuiu para o aumento dos preços.
O preço do ovo atingiu o nível mais alto em 22 meses, com a caixa de 30 dúzias subindo 61%, de R$ 134 para R$ 227. O calor excessivo, a alta no preço do milho (utilizado na alimentação das galinhas) e a proximidade da Quaresma, quando a demanda tende a ser maior, estão entre os fatores que elevaram os preços. A alta temperatura afetou diretamente a produtividade das aves, reduzindo a produção de ovos em 5% a 10%. Além disso, o aumento no custo do milho, que subiu 32%, também impactou os preços.
O valor das sacas de café (tanto arábica quanto robusta) atingiu um patamar recorde no início de fevereiro, devido a uma combinação de fatores climáticos adversos e problemas nas lavouras. A seca, geadas, chuvas e o fenômeno El Niño impactaram negativamente a produção brasileira e também afetaram o Vietnã, segundo maior produtor de café do mundo. Como a demanda global continua alta, a oferta reduzida resultou em um aumento de preços.
Fonte: Louis Hansel/Unsplash
O preço do azeite também aumentou devido a uma série de fatores. O clima extremo, com ondas de calor acima do normal, afetou as oliveiras em regiões produtoras como Espanha, Grécia, Itália e Turquia. Além disso, novas pragas e a guerra na Ucrânia, que impactou o fornecimento de fertilizantes e óleos vegetais, também contribuíram para a alta. O Brasil, que importa uma quantidade significativa de azeite, foi afetado pela desvalorização do real em relação ao dólar, o que encareceu as importações.
O aumento nos preços de alimentos essenciais como cacau, ovo, café e azeite é um reflexo de uma série de desafios globais, como o impacto das mudanças climáticas, problemas de safra e a alta do dólar. Esses fatores estão pressionando os preços para cima e afetando o poder de compra dos consumidores, em especial os mais vulneráveis.