Integrantes do governo federal admitiram falhas na comunicação do pacote de controle de gastos e das mudanças no Imposto de Renda (IR), anunciado há quase um mês, e agora buscam ajustar a estratégia para conter os impactos negativos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que erros na apresentação contribuíram para a alta do dólar e para a reação desfavorável do mercado, alimentando uma crise que exige respostas rápidas do governo. No dia 27 de novembro, Haddad anunciou cortes de despesas ao lado da proposta de isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais a partir de 2026. Embora o pacote tenha sido aprovado pelo Congresso, a proposta do IR ainda não foi enviada, gerando mais críticas e incertezas.
Imagem: REUTERS/Adriano Machado
A decisão de anunciar os cortes junto com a isenção de IR dividiu opiniões dentro do governo. Enquanto a equipe econômica defendia focar exclusivamente na contenção de gastos, setores do Palácio do Planalto e da área social optaram pelo anúncio conjunto, buscando evitar a impressão de que as medidas penalizariam a população de baixa renda. O resultado foi uma reação inicial favorável nas redes sociais, mas a repercussão positiva foi rapidamente ofuscada pela alta do dólar, que chegou a R$ 6,30, e pela insatisfação generalizada do mercado. A comunicação desorganizada acabou minando o impacto político positivo das medidas.
Para tentar reverter o cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou um vídeo ao lado de Haddad, da ministra Simone Tebet e do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmando o compromisso do governo com responsabilidade fiscal e defendendo a autonomia do BC. Lula também sinalizou que deseja pacificar a relação com o mercado e evitar novas turbulências. Apesar dessas iniciativas, o saldo até o momento é considerado negativo, com auxiliares do governo avaliando que os erros não apenas alimentaram a desconfiança do mercado, mas também impediram que a isenção do IR fosse celebrada como uma conquista.
A estratégia inicial de lançar uma campanha publicitária para destacar os benefícios das medidas foi abandonada após alertas de órgãos de controle sobre o contrassenso de gastar com divulgação em meio a um pacote de contenção. Com isso, o governo busca agora reorganizar sua abordagem e evitar novos tropeços, enquanto tenta reconstruir a confiança do mercado e da opinião pública, com foco na estabilidade econômica e no bem-estar social.