Guanambiense morre por falta de atendimento e família cobra resposta.

Ricardo Martins, de 37 anos, faleceu após não conseguir transferência para unidade especializada; família denuncia descaso e omissão do poder público.

Foto: Reprodução.

Mesmo ainda abalados pela perda, familiares de Ricardo Martins do Nascimento, de 37 anos, natural de Guanambi, tornaram pública nesta quarta-feira (7) uma nota de pesar e protesto. Ricardo faleceu no último dia 28 de abril, na UTI Cardio do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, após não conseguir acesso ao tratamento médico especializado de que necessitava com urgência.

Segundo os familiares, Ricardo era tinha a doença de Chagas e necessitava de uma intervenção complexa. A equipe médica do hospital teria solicitado, por diversas vezes, sua transferência para o Hospital Ana Nery, única unidade na Bahia habilitada para casos de transplante cardíaco. No entanto, todos os pedidos foram negados pela central de regulação estadual.

A família afirma ter recorrido a diversas instâncias, incluindo apelos públicos ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), além de contatos com parlamentares e autoridades em saúde. Mesmo assim, nenhuma medida concreta foi adotada a tempo.

Um dos pontos mais revoltantes destacados na nota dos familiares diz respeito à tentativa de implantar um balão intra-aórtico (BIA), recurso que poderia estabilizar o quadro de Ricardo até uma possível transferência para outro estado. A família conseguiu o equipamento por doação, mas o hospital, segundo os relatos, se recusou a liberar a entrada do material.

Trecho da nota dos familiares:

"Essa perda não é apenas de uma família. É o retrato de um sistema que falha brutalmente com os que mais precisam. Um sistema onde UTIs carecem de reequipamento, onde o cuidado de qualidade ainda é privilégio e não um direito."

Ricardo era casado e pai de uma bebê. Sua morte gerou forte comoção em Guanambi e levantou questionamentos sobre o funcionamento do sistema de saúde pública estadual. A família cobra apuração e mudanças urgentes para evitar que outras vidas sejam perdidas da mesma forma.