Morte de estudante em ação policial gera protestos e revolta em Salvador.
- Rádio Cultura
- há 4 dias
- 2 min de leitura
O sepultamento da estudante Ana Luiza Silva dos Santos de Jesus, de 19 anos, foi marcado por emoção, homenagens e revolta. A jovem morreu após ser baleada durante uma ação da Polícia Militar no bairro da Engomadeira, em Salvador, no domingo (13). Nesta segunda-feira (14), vizinhos e familiares protestaram nas ruas do bairro para pedir justiça e denunciar a abordagem policial que vitimou Ana Luiza.

Foto: Arquivo Pessoal.
Vestida com o jaleco do curso de Estética, que cursava no terceiro semestre, Ana Luiza foi enterrada sob aplausos. Familiares relataram que ela havia saído para ir ao mercado e voltava para casa, onde assistiria a um jogo do Bahia com a família, quando foi atingida.
“Ela não era bandida. Estava no lugar errado, na hora errada. Agora está morta como se fosse mais uma estatística”, disse Cristiane Santos, amiga da vítima.
Durante o protesto, moradores fecharam a via de acesso ao bairro com pneus e objetos em chamas. Balões brancos e cartazes pedindo paz e justiça foram levados por manifestantes. A Polícia Militar foi acionada e usou balas de borracha e bombas de efeito moral para conter o ato. Este foi o terceiro protesto na região desde a morte da estudante.
A versão da Polícia Militar afirma que houve troca de tiros com suspeitos armados e que Ana Luiza foi atingida durante o confronto. Moradores, porém, contestam a narrativa e dizem que os policiais perseguiram um usuário de drogas que correu para dentro do beco onde a jovem estava. Ele não foi atingido, mas Ana foi
Antônio, o pai da vítima, questiona a efetividade das investigações e cobra justiça:
“Vou fazer o quê na Corregedoria? Nada adianta. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. A gente paga imposto, mas não tem segurança.”
Após a repercussão do caso, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), publicou um vídeo nas redes sociais se solidarizando com a família e afirmando que o caso será investigado com “rigor e transparência”.
“Episódios como esse escancaram os desafios que ainda enfrentamos, sobretudo para proteger a juventude das periferias”, escreveu.
A Polícia Civil informou que as buscas pelos suspeitos continuam, mas ninguém foi preso até o momento.