Número de famílias em situação de rua triplica em cinco anos na Bahia.
- Rádio Cultura
- 25 de abr.
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A quantidade de famílias em situação de rua na Bahia mais do que triplicou em um intervalo de cinco anos. Em 2024, foram registradas 14.705 famílias vivendo em condições extremas de vulnerabilidade, contra 4.289 em 2020. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), com base no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
Apesar dos números alarmantes, especialistas apontam que a realidade pode ser ainda pior. Segundo o MDS, parte do crescimento se deve à melhoria na atualização do banco de dados, que chegou a ter menos de 60% das informações tratadas em 2022. Hoje, esse índice já se aproxima de 90%.
No entanto, o aumento da população em situação de rua também está ligado a fatores estruturais. A pandemia de covid-19, o desemprego e o desmonte de políticas públicas agravaram o cenário.
Perfil invisibilizado
Uma recente pesquisa do Projeto Axé, em Salvador, revelou que a maioria das pessoas em situação de rua é negra, com idade entre 25 e 35 anos, sendo a maior parte homens. No entanto, o número de mulheres vivendo nas ruas tem crescido desde a pandemia.
A cientista social Maria de Fátima Cardoso, professora da Unijorge e pesquisadora da UFBA, destaca os riscos enfrentados por essa população: “São submetidos a todo tipo de violência e abandono, com graves impactos na saúde física e mental”.
Desafios persistem
Para especialistas, a reversão do cenário passa pelo fortalecimento de políticas públicas e da atuação das organizações da sociedade civil. “É preciso garantir acesso à justiça, moradia digna e programas intersetoriais de acolhimento para que essas famílias possam reconstruir suas vidas”, conclui Maria de Fátima Cardoso.

Arisson Marinho/CORREIO.