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Os 15 dias de boatos sobre o PIX que abalaram o governo Lula.

Foto do escritor: Malu RochaMalu Rocha

O governo federal enfrentou duas semanas turbulentas após uma mudança nas regras de fiscalização da Receita Federal gerar uma onda de desinformação sobre o Pix. Rumores sobre uma suposta taxação e monitoramento diário das transações financeiras se espalharam rapidamente, obrigando o presidente Lula e sua equipe econômica a intervir para esclarecer a situação.


A polêmica começou com a publicação da Instrução Normativa 2219/24 no Diário Oficial da União, em 18 de setembro de 2024. A nova norma não criava um imposto sobre o Pix, mas ampliava a lista de instituições financeiras que deveriam reportar movimentações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. Antes da mudança, esse controle já existia, mas era aplicado apenas a valores superiores a R$ 2 mil e R$ 6 mil, respectivamente.

Imagem: GETTY IMAGES


A medida entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2025 e, quase imediatamente, começaram a circular notícias falsas nas redes sociais. Muitos usuários acreditaram que o governo estaria criando um novo imposto, o que levou a uma enxurrada de críticas. No dia 7 de janeiro, o Ministério da Fazenda tentou conter os boatos, explicando que a regra apenas atualizava valores e não implicava na criação de uma nova taxação. Mas a essa altura, a polêmica já havia ganhado proporções gigantescas.


Dois dias depois, um vídeo falso gerado por inteligência artificial atribuía ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarações sobre novos impostos, incluindo taxas absurdas sobre cachorros e gestantes. O governo reagiu rapidamente, pedindo a remoção do conteúdo das redes sociais e divulgando um novo pronunciamento de Haddad, desmentindo a informação.


Mesmo assim, as especulações continuaram. No dia 10 de janeiro, o próprio presidente Lula entrou na conversa e fez um Pix ao vivo para mostrar que a ferramenta continuava funcionando normalmente, sem qualquer cobrança. "Estão espalhando mentiras sobre a taxação do Pix. Eu mesmo fiz um Pix agora para mostrar que não existe isso", declarou o presidente.


No entanto, a polêmica ganhou ainda mais força quando, no dia 13 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para criticar a medida. Ele acusou o governo de “covardia com os mais pobres” e disse que a fiscalização aumentaria a carga tributária sobre trabalhadores informais. A partir desse momento, políticos da oposição passaram a pressionar ainda mais o governo, alegando que a nova regra seria prejudicial à população.


O deputado federal Nikolas Ferreira também entrou no debate e publicou um vídeo que viralizou rapidamente, criticando a mudança na fiscalização e relembrando outras medidas do governo que impactaram tributações. Seu vídeo acumulou milhões de visualizações e fortaleceu ainda mais os rumores de que o Pix seria, em algum momento, alvo de uma taxa.


Diante da pressão crescente, o governo decidiu recuar. No dia 15 de janeiro, Fernando Haddad e o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, anunciaram a revogação da norma. Além disso, Lula prometeu assinar uma Medida Provisória garantindo a gratuidade do Pix e reforçando as cláusulas de sigilo bancário. "O estrago já foi feito por pessoas inescrupulosas que espalharam desinformação, mas vamos garantir que o Pix continue gratuito", disse Haddad.


A reviravolta nas decisões demonstra o impacto que a desinformação pode ter na política e na economia do país. Mesmo sem uma taxação real sobre o Pix, a comoção gerada por boatos forçou o governo a recuar de uma medida que, tecnicamente, não criava novos impostos. A história serve como um alerta para o poder das redes sociais na disseminação de informações falsas e como isso pode influenciar decisões governamentais.

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