Em entrevista concedida à NBC, Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, gerou polêmica ao afirmar que considera a possibilidade de retirar o país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A declaração ocorre em meio às discussões sobre o papel dos EUA na aliança militar e no suporte à Ucrânia no conflito contra a Rússia.
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Foto: Julia Nikhinson/AFP - Donald Trump durante ato de campanha na Carolina do Sul
Trump argumentou que a decisão dependerá do compromisso financeiro dos países-membros da Otan em cumprir a meta voluntária de destinar 2% do PIB em defesa, um pacto frequentemente descumprido desde o fim da Guerra Fria. Segundo ele, é "injusto" que os Estados Unidos, como maior potência da organização, assumam a maior parte dos custos para garantir a segurança coletiva. "Os países precisam pagar suas contas e tratar os Estados Unidos de maneira justa", disse o republicano.
A possível saída da Otan marcaria uma ruptura histórica na política externa americana, que há décadas tem sido central no fortalecimento da aliança. A Otan, fundada em 1949, opera com base no princípio de defesa mútua, em que um ataque a qualquer membro é considerado uma agressão a todos os países da aliança.
Trump também abordou o apoio militar dos EUA à Ucrânia, sugerindo que a assistência poderia ser reduzida sob seu governo. A Ucrânia, maior beneficiária de ajuda militar americana desde o início da invasão russa em 2022, enfrenta um cenário ainda mais desafiador caso essa previsão se concretize.
Aliados europeus, já pressionados por crises econômicas internas, têm manifestado preocupação com a possibilidade de que os cortes nos recursos americanos enfraqueçam a resistência ucraniana e fortaleçam a Rússia. Uma vitória russa no conflito poderia encorajar novas ações militares em outras partes da Europa.
Apesar de considerar a redução do apoio, Trump afirmou estar empenhado em buscar uma solução diplomática para o conflito. Ele revelou estar "trabalhando ativamente" para mediar um cessar-fogo, mas se recusou a dar detalhes sobre possíveis contatos com Vladimir Putin, presidente da Rússia. "Não quero fazer nada que possa atrapalhar as negociações", justificou.