Desde seu retorno à Casa Branca, o presidente Donald Trump tem demonstrado um interesse renovado em conquistar o Prêmio Nobel da Paz. Para isso, ele tem promovido iniciativas controversas visando resolver conflitos internacionais, especialmente na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia, Trump adotou uma postura que muitos consideram pró-Rússia. Ele criticou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referindo-se a ele como um "ditador" e culpando a Ucrânia pelo conflito, enquanto atendeu a diversas exigências do presidente russo, Vladimir Putin. Essas ações incluem a exclusão da Ucrânia da OTAN, concessões territoriais em troca de paz e o levantamento de sanções impostas à Rússia. Além disso, Trump sugeriu que a Ucrânia deveria reembolsar a ajuda militar fornecida pelos EUA.
Recentemente, a administração Trump propôs um acordo inicial simplificado com a Ucrânia, focado no acesso dos EUA aos recursos minerais do país. Essa proposta surge após negociações realizadas na Arábia Saudita entre representantes dos dois países, mediadas por aliados de Trump. O presidente americano, que já declarou em diversas ocasiões que poderia resolver o conflito "em 24 horas", agora reconhece que o processo pode levar pelo menos seis meses.
No caso do conflito em Gaza, Trump apresentou uma proposta polêmica para deslocar cerca de dois milhões de palestinos e assumir o controle do território. A medida gerou reações negativas da comunidade internacional, que apontou a violação do direito internacional e os riscos de desestabilização da região. Apesar disso, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o objetivo do presidente é buscar uma paz duradoura no Oriente Médio.
Especialistas destacam que o Comitê do Nobel não avalia apenas ações isoladas, mas também o histórico dos indicados. O diretor do Instituto de Pesquisas sobre a Paz de Oslo, Henrik Urdal, apontou que qualquer tentativa de deslocamento forçado de populações ou apropriação territorial poderia comprometer seriamente as chances de Trump. Além disso, recentes declarações do presidente sobre a possibilidade de compra da Groenlândia e do Canal do Panamá, sem descartar o uso da força militar, foram vistas como um retrocesso no compromisso com a diplomacia.

Fonte: Shealah Craighead/Casa Branca
A busca pelo Nobel da Paz tem sido uma constante na trajetória política de Trump. Durante seu primeiro mandato, ele foi indicado ao prêmio por sua atuação nos Acordos de Abraão, que normalizaram as relações entre Israel e alguns países árabes. Ele também foi indicado por suas negociações com a Coreia do Norte e por sua mediação entre Kosovo e Sérvia. No entanto, nunca conseguiu ser premiado, o que se tornou um ponto de frustração para o republicano.
Desde o início de seu segundo mandato, Trump reforçou sua intenção de construir um legado de pacificador e unificador. Em seu discurso de posse, ele afirmou que o sucesso de sua gestão será medido não apenas pelas batalhas vencidas, mas pelas guerras encerradas. No entanto, críticos apontam que suas ações e retórica frequentemente contradizem esse objetivo.
Embora suas ambições para o Nobel possam ser vistas como parte de uma estratégia política, alguns analistas acreditam que sua obsessão pelo prêmio pode, paradoxalmente, levá-lo a investir esforços reais na resolução de conflitos internacionais. Rahm Emanuel, ex-chefe de gabinete do governo Obama, escreveu em artigo para o Washington Post que a vaidade de Trump pode representar uma oportunidade para promover a paz em regiões instáveis.
O Comitê Norueguês do Nobel avalia as indicações com base na contribuição dos candidatos para a fraternidade entre nações, a redução de forças armadas permanentes e a promoção de esforços diplomáticos. A história mostra que o prêmio já foi concedido a líderes polêmicos, mas sempre com base em ações concretas para a paz. Se Trump deseja ser reconhecido com a distinção que tanto almeja, precisará apresentar mais do que promessas e declarações polêmicas.