O presidente Volodymyr Zelensky viajou para a Arábia Saudita para um encontro com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman nesta segunda-feira (10), antecedendo as negociações com autoridades dos Estados Unidos sobre o futuro da guerra com a Rússia. As conversas, marcadas para terça-feira (11), representam a primeira reunião oficial desde o encontro entre Zelensky e o presidente Donald Trump no Salão Oval.
As negociações devem se concentrar em um acordo bilateral sobre minerais e no esforço para encerrar o conflito, que se arrasta há meses. Sob forte pressão de Trump, que exige um fim rápido da guerra, Zelensky tem tentado manter a união entre as partes, embora não tenha conseguido garantir as condições de segurança que Kiev considera essenciais para qualquer acordo de paz.
Zelensky informou que não participará pessoalmente das conversas de terça-feira. A delegação ucraniana incluirá seu chefe de gabinete, ministros das Relações Exteriores e da Defesa, e um alto oficial militar. "Estamos totalmente comprometidos com o diálogo construtivo, e esperamos tomar as decisões necessárias para avançar", escreveu Zelensky em suas redes sociais.

Fonte: SAUL LOEB / AFP
De acordo com oficiais dos EUA, o objetivo das negociações é determinar se Kiev está disposta a fazer concessões materiais à Rússia para alcançar a paz. Um oficial destacou que a paz não pode ser alcançada sem ceder em algumas áreas, e outro acrescentou que a intenção é garantir que a Ucrânia busque uma “paz realista” e não apenas uma solução ideal.
Trump, em declaração no domingo, afirmou esperar bons resultados das negociações, mencionando também que os Estados Unidos já estavam quase finalizando a suspensão da inteligência compartilhada com Kiev. O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, afirmou que a meta é estabelecer uma estrutura para um acordo de paz e um cessar-fogo inicial.
Zelensky, por sua vez, propôs uma trégua aérea e marítima, além de uma troca de prisioneiros, como um teste para medir o comprometimento da Rússia em encerrar o conflito. No entanto, Moscou rejeitou a proposta, alegando que uma trégua seria uma manobra para dar tempo à Ucrânia e evitar um colapso militar.
Além disso, Zelensky confirmou que Kiev está pronta para assinar o acordo de minerais com os EUA, que visa criar um fundo conjunto com a venda de minerais ucranianos. Para os Estados Unidos, esse acordo é essencial para garantir apoio contínuo à Ucrânia, especialmente diante da deterioração da posição ucraniana no campo de batalha.
A situação militar em Kiev se complica à medida que as forças russas continuam a pressionar em várias frentes. As tropas ucranianas que haviam invadido a região de Kursk no verão passado estão agora quase cercadas pelas forças russas, de acordo com mapas de código aberto. Atualmente, a Rússia ocupa cerca de um quinto do território ucraniano, incluindo a Crimeia, anexada em 2014. Além disso, Moscou tem intensificado os ataques na região oriental de Donetsk, com uma escalada no uso de drones e mísseis contra cidades e vilas.
Na semana passada, Zelensky relatou que a Rússia lançou mais de 1.200 bombas aéreas guiadas, quase 870 drones de ataque e mais de 80 mísseis na Ucrânia, aumentando a pressão sobre as forças ucranianas e suas áreas de controle.